Casa de banho

Revirei os olhos e caminhei pelo corredor até à casa de banho. Abri a porta e dei-lhe espaço para passar - Eu fico aqui à espera da roupa. Só tens de abrir um bocado a porta, nem eu quero ver nada.

-Queres sim - disse apenas para me meter com ela e fechei a porta mesmo no nariz dela e à chave. Não conseguia, era superior a mim, não conseguia confiar em ninguém. Despi-me todo, menos os boxers, não lhe ia dar os boxers não é? E eles nem estavam muito molhados. Fiz o que ela disse atirando-lhe os boxers e fechando de novo.
-Obrigado - disse encostado à porta.

Agarrei na roupa dele e fiquei a olhar para a porta quando ele ma fechou à frente da cara pela segunda vez - De nada. - disse-lhe. Fui tratar da roupa dele para a secar e subi para o meu quarto onde arranjei uma camisola que me ficava gigante.

Tomei um baixo nas calmas, sem grandes preocupações, porque apesar de não estar em minha casa, era isso que precisava, depois do que tinha acontecido no carro. Detestava que aquilo que acontecesse, mas nunca me conseguia abstrair. Quando acabei estiquei-me até às gavetas todas até encontrar as toalhas. Limpei-me e depois fiz uma careta.
-LILLIANNE - gritei por ela.

Fiz uma careta quando o ouvi a gritar por mim. Fui afastar a roupa dele da lareira que tinha acendido e fui até à casa de banho. Bati à porta e revirei os olhos - Está aqui, Frederic. Devias aprender a gritar menos. Pareces uma cigana.

Olhei para a porta quando ela bateu e escondi-me involuntariamente, para depois perceber que ela não ia entrar. Estiquei apenas um braço e fechei a porta novamente.
-Vai gozar com outro - resmunguei vestindo-me e passei a mão pelo cabelo molhado abrindo mais tarde a porta. - Obrigado.

Olhei para ele com atenção quando abriu a porta completamente e encolhi os ombros - De nada. Só queria que ficasses bem. - mordi o interior da bochecha e afastei-me da entrada da casa de banho - Já estás menos... estranho?

Estava a tentar conter-me para deixar de responder como costumava de responder a todas as pessoas, mas pelos vistos mais a ela, não sei.
-Obrigado - bati-me mentalmente por ter repetido e encolhi os ombros com a sua outra pergunta - eu nunca estive estranho.

- De nada. - voltei a dizer com um pequeno sorriso. Assenti com a cabeça e encolhi os ombros - Estavas sim, mas tudo bem. Queres tomar alguma coisa? - perguntei-lhe enquanto caminhava até à sala.

Abanei a cabeça quando perguntou se queria tomar alguma coisa.
-Quero um comprimido só para a dor de cabeça - disse levantando o olhar até chegar ao seu - também devias tomar já que ficaste doente.

Encolhi os ombros de novo quando disse que eu também devia tomar - Não preciso. - voltei a passar por ele para ir à casa de banho buscar um comprimido e depois um copo de água - Toma. - estendi-lhe as coisas.

Agarrei no comprimido e no copo que ela me estendia e tomei aquilo dando-lhe depois o mesmo novamente.
-Claro que não, és muito forte - gozei com um revirar de olhos.

- Não preciso. - voltei a repetir e revirei os olhos para ele - És mau, sabias? - atirei-me para o sofá e agarrei-me a uma almofada enquanto olhava para ele.

Enfiei-me na casa de banho e fechei a porta antes que ele se metesse com ideias ou sei lá. Despi o vestido, que era a única roupa que tinha além da lingerie e meti-me dentro da banheira. Não ia ao médico por isso tinha de baixar a febre.

Revirei os olhos batendo à porta.
-O que é que tu vais fazer? - perguntei já a adivinhar - o que quer que estejas a fazer só te vai fazer pior - disse quando ouvi a torneira. - Lilly!

Meti a água fria a correr e deixei-me estar debaixo do jato de água, para tentar arrefecer. Revirei os olhos quando o ouvi do lado de fora da casa de banho
- Não vou fazer nada. Deixa-me em paz, Eric, eu estou bem.

Revirei os olhos passando as mãos pelo cabelo e abanei a cabeça indo para a sala.
-Faz o que quiseres - falei alto - quando ficares pior depois não te queixes. - deitei-me no sofá a ver televisão.

- Ainda bem. - disse com um encolher de ombros apesar de ele não ver. Deixei-me cair de rabo na banheira e agarrei-me aos meus joelhos. Odiava ficar assim, demasiado sozinha, fazia-me pensar na minha mãe e na Mia.

Suspirei ainda deitado no sofá, acho que hoje tinha dormido demasiado. Olhei para a porta da casa de banho e mordi o lábio.
- Anda lá Lilly nao me irrites isto até estava a correr bem - revirei os olhos - sai daí de uma veZ

- Estou a tentar arrefecer. - disse baixo e se calhar ele nem se quer ouviu. Encostei o queixo nos joelhos e fechei os olhos. A banheira cheia de água conseguia fazer-me lembrar no chão da cozinha cheio de sangue - Pára com isso, Lillianne.

Levantei-me com um suspiro e cruzei os braços perto da porta ouvindo vagamente a sua voz.
-Eu sei, mas isso não é bom, podes entrar em estado de qualquer coisa - revirei os olhos, não era médico mas sabia que não se devia fazer aquilo - sai daí anda lá.

- Não consigo. - murmurei muito baixinho. Sentia que não tinha força nas pernas. Era como se conseguisse ouvir os meus gritos a ecoar pela cozinha quando ele me tinha agarrado no cabelo e empurrado contra a parede. Tinha a certeza que ia ter o mesmo destido que a minha mãe e a Mia mas a policia tinha aparecido. Se calhar tinha sido melhor morrer como elas.

Fiz uma careta quando disse que não conseguia e abanei a cabeça. Eu sabia, eu sabia! Respirei fundo para me acalmar e fechei uma mão num punho batendo contra a porta fazendo-a abrir, mas deixei-a encostada.
-Posso entrar?

- Sim. - voltei a murmurar baixo enquanto me agarrava melhor às minhas pernas que mal sentia. Continuava a sentir-me demasiado quente e controlei um espirro. Conseguia ver o corpo delas estendido no chão, lembrava-me do meu medo assim que tinha voltado a casa... lembrava-me de tudo..