Automóvel de Eric Grant

Relembrando a primeira mensagem :

depois

Virei a cara para a rapariga quando ouvi o nome dela e acabei por me rir sentindo uma chapada no meu braço vindo da minha mãe.
-Cala-te, está bem? Quase morri quando me chamaram do hospital outra vez - disse ela passando a mão pelo peito.
-Tem calma.

Revirei os olhos quando ele se riu e virei a cara para ele - O que queres Frederic? - sorri-lhe cinicamente. Parei quando o Ben se soltou dos braços da mãe e se foi agarrar a mim de novo.
- Fiquei preocupado. Doi-te muito? - abanei a cabeça e sorri com o beijinho dele na minha bochecha.

-Nada que te interesse Lillianne - fiz o mesmo sorriso que ela e voltei a sentir a mesma chapada da minha mãe no braço.
-Au - resmunguei-lhe - isso doi - ela arregalou os olhos.
-Desculpa filho. - revirei os olhos. - pára de fazer isso aos olhos, com a tua sorte ainda ficas cego.

- O que é que fizeste desta vez Lillianne? - perguntou o meu tio agora.
- Porque é que tenho de ter sido eu? - saiu-me disparado - Pode ter sido ele. - apontei para o outro - Sou sempre eu. - estava irritada com o que tinha acontecido - Também vão dizer que fui eu que matei - calei-me antes de continuar e puxei as mantas para cima.

Fiz uma careta quando ouvi a outra toda irritadinha.
-E que tal termos sido os dois? - perguntei quando pôs as culpas para cima de mim e passei a mão pelo meu cabelo ainda ensaguentado e nojento. - Não morreu ninguém pára de ser dramática - revirei os olhos.

Voltei a revirar os olhos - Sim, fomos os dois. - respirei fundo.
- Estás bem por isso vamos embora. - disse a minha tia - Anda Ben.
Ele abanou a cabeça enquanto se agarrava bem a mim e às mantas da minha cama de hospital. Toquei-lhe na bochecha e sorri - Tens de ir Ben. Eu amanhã estou à tua espera quando vieres da escola. - dei-lhe um beijinho e fiquei a vê-lo ir embora.

Senti as festas da minha mãe no meu cabelo enquanto olhava para o rapazinho que se chamava Ben. Sim, eu era mimado por ela desde que tinha voltado, não que não gostasse, mas era estranho.
-Vai lá embora também mãe - pedi-lhe e vi-a abanar a cabeça.
-Não, não.

Quem me dera ter a minha mãe ali preocupada comigo... Suspirei baixinho e fechei os olhos, tentando abstrair-me daqueles pensamentos de novo. Virei discretamente a cara para ele e fiquei a vê-lo com a mãe.

-Não devias conduzir tão de noite - acabei por sorrir abanando a cabeça.
-Mãe - chamei quando ela voltou a abrir a boca - não fiques tão preocupada. Eu estou bem como sempre. - ela sorriu dando-lhe um beijo na testa que me fez fazer uma careta e fechei os olhos, mas logo virei a cabeça para a Lillianne - eu ressono espero que não te importes - gozei-a visto que não o fazia, nem sequer dormia.

Encolhi os ombros e atirei-lhe com uma almofada à cabeça - Não faz mal, Frederic. Eu ressono ainda mais. - fiz-lhe um sorrisinho cinico e revirei os olhos a seguir.

Ri-me levantando com a almofada na cama e coloquei-a também por baixo da minha cabeça.
-Devias fazer amizade com ela - disse baixinho a minha mãe e eu olhei para Lillianne encolhendo os ombros.
-Não me apetece.

Olhei para a mãe dele que parecia simpática e desejei-lhe as boas noites. Tentei deitar-me de lado mas não conseguia por isso deixei-me estar na mesma posição - Doi-te muito a perna? - perguntei-lhe.

A minha mãe ainda sorriu mais e ficou com mais esperanças quando ela lhe desejou boa noite. Abri os olhos quando a ouvi falar para mim e virei a cabeça.
-Eu aguento.

- Podias pedir que te dessem alguma coisa mais forte para as dores. - disse mordendo o lábio inferior - E hm.. vou calar-me.

Revirei os olhos e respirei fundo.
-Sim, faz isso - disse quando disse que se ia calar e já só vi a minha mãe abanar a cabeça.
-És tão bruto - resmungou ela fazendo-me encolher os ombros.

Suspirei baixinho e puxei as mantas para cima, fechando os olhos de seguida. Ia tentar adormecer apesar de ser muito dificil mas ao menos não o chateava mais.

-Dorme - pediu-me a minha mãe e começou a dar-me festinhas no cabelo. Sorri levemente porque gostava mesmo muito daquilo e abri os olhos novamente. Sorri-lhe um bocadinho tentando fazer o que ela pedia para lhe fazer a vontade, apesar de ter a certeza de que não o ia conseguir fazer.
-Ficas aqui? - perguntei muito baixinho por causa da outra. Vi-a assentir e sorri levemente não me conseguindo mexer por causa da perna. Virei a cabeça olhando para a rapariga para a ver e voltei a olhar para minha mãe voltando a fechar os olhos.

Suspirei baixinho quando ouvi os dois a falar. Tinha saudades da minha mãe.. Ela também ficava sempre comigo quando alguma coisa de má acontecia. Enfiava-se na cama agarrada a mim e cantava-me. Depois a Mia aparecia agarrada ao urso dela e ia para o meu outro lado.
Já tinham passado quatro anos e era impossivel esquecê-las. Ainda mais a morar com os meus tios na minha casa. Ao menos tinha o Ben.
Limpei as bochechas com as costas da mão e levantei-me ligeiramente para arranjar a almofada. Deitei-me de novo e fechei os olhos debaixo das mantas todas.

Quando estava quase a conseguir movimento que me atordoou e estremeci vendo que era apenas a minha mãe a sentar-se no cadeirão mesmo ao lado da minha cama. Suspirei levemente e assim que ela me olhou fechei os olhos novamente fingindo que dormia. Tinha que aguentar pelo menos mais duas horas, ou ela ia sempre mandar dormir-me mais.

Estava quase a adormecer quando ouvi barulho. Tirei a cara debaixo das mantas e sorri ligeiramente ao ver que era só a mãe dele a sentar-se. Mordi o lábio inferior quando vi o Frederic de olhos fechados e voltei a fazer o mesmo.

Abri um olho vendo a minha mãe a dormir e sorri levemente olhando para a janela. Já era de dia finalmente, já ninguém me ia pedir para dormir ou descansar. Puxei as mantas para cima de mim e tentei mexer-me mas acabei por queixar-me baixinho por causa da minha perna. Que nojo. Ouvi a minha mãe a mexer-se e a abrir os olhos e apenas abanei a cabeça para que ela não começasse a stressar.

Abri os olhos devagarinho e tive de os piscar várias vezes antes de ficar completamente acordada. Virei a cara para o lado sem saber por momentos onde estava - Hospital.. - murmurei baixinho quando me lembrei de tudo.

Olhei para o lado quando ouvi lá a Lillianne dizer alguma coisa e acabei por fazer uma careta.
-É onde estamos - disse tentando sentar-me, mas só agora é que estava a perceber que não me podia mexer mesmo ou ia ficar com o peito à mostra. Mas porque é que eu estava sem bata?

- Sim, eu sei. - respondi-lhe. Virei a cara para ele quando começou a mexer-se na cama e levantei uma sobrancelha, virando logo a cara de seguida - Porque é que estás sem bata? - oh meu deus. Só tinha visto os ombros dele e oh meu deus. Revirei os olhos e quis bater a mim própria. Lillianne Queen, tu tens namorado.

Olhei para debaixo das mantas e aí percebi. Abanei os ombros à sua pergunta.
-Por causa da perna - disse puxando as mantas mais para cima mas colocando os braços de fora ficando a olhar para a minha mãe.