Cozinha

Relembrando a primeira mensagem :

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Ri-me com o que a Rachel disse sobre o Eric e abanei a cabeça, ajeitando o Alex no meu colo - Não me parece. O teu irmão não gosta de mim. - encolhi os ombros e voltei a andar para a cozinha deles onde tinhamos estado antes a comer as panquecas - Acho que só tu e o Alex é que gostam de mim.

Sorri quando ela disse que eu não gostava dela e encolhi os ombros a Rachel que me olhava com cara de má. Sentei-me no meu banco, enchendo os os copos de sumo para cada um - gosta sim, se ele não gostasse não te dava beijinhos - revirei os olhos enquanto a ouvia - não é Alex? Eu e o Alex percebemos disto - disse muito orgulhosa.

Olhei para o Alex que estava todo sorridente a assentir com a cabeça e ri-me - Vocês percebem disso? Não acham que são muito novos? - peguei no copo de sumo do Alex e estendi-lho, sorrindo quando o agarrou com as duas mãos - O Eric só me dá beijinhos quando não tem nada para fazer. Ele não gosta de mim, é mau.

Rachel riu-se com a pergunta de Lilly e encolheu os ombros - não, nós percebemos de muita coisa - gabou-se olhando para as panquecas, começando a devora-las. Levantei o olhar para Lilly quando disse que só lhe dava beijos quando não tinha mais nada para fazer - A sério? - perguntei com um revirar de olhos, eu até a beijava mais do que devia.

Ri-me com a cara da Rachel e assenti com a cabeça - Mas ainda são novinhos, não deviam saber de tantas coisas. - levantei o olhar da minha panqueca para o Eric quando falou e assenti com a cabeça - Sim. Só quando fazes porcaria e me queres calar. - encolhi os ombros e continuei a comer.

-Mas nós sabemos que o Eric gosta de ti - encolheu os ombros com um sorriso convencido e eu revirei os olhos, metendo uma panqueca quase inteira na boca. - Ele só não dá mais beijinhos porque tem vergonha - continuou com um ar de espertalhona e Alex ria-se enquanto bebia o sumo que tinha servido
-Também não pareces querer beijos.

Levantei o olhar para a Rachel e sorri - O Eric tem vergonha? - repeti o que ela disse e levantei uma sobrancelha - Eu acho que não. - dei um beijinho na cabeça do Alex que estava a beber o sumo e olhei para o Eric quando falou - Não? - perguntei mordendo o interior da bochecha. Ele estava muito enganado se era mesmo aquilo que pensava.

Ela assentiu com a cabeça quando Lilly lhe perguntou se eu tinha vergonha e ri-me levemente, não era bem vergonha, mas não queria estar sempre a beija-la. -Não - disse com um encolher de ombros, olhando para as minhas panquecas e o meu sumo - não parece que queiras minimamente. - fiz um sorriso maroto.

Encolhi os ombros e deixei-me estar a olhar para a panquenca enquanto brincava com a colher nesta - Está bem. - ajeitei o Alex no meu colo e continuei a comer mas sem vontade nenhuma. Levantei o olhar para o relógio e dei um beijinho na bochecha do Alex - É melhor ir embora para casa. - levantei-me e sentei-o na cadeira onde eu estava, de maneira a que não caisse. Levantei o olhar para a Rachel e sorri-lhe ligeiramente - Continua a treinar, está bem? Só assim é que vais conseguir.

Sorri abanando a cabeça enquanto comia e quando voltei a olhar para eles, ela já estava a dizer que ia embora - estava a ver que não - obviamente que estava a gozar, ela podia ficar o tempo que quisesse, eu já lhe tinha dito e tudo. Saltei para o chão, dando um beijo na cabeça de Rachel, que assentia a Lilly - eu levo-te a casa, não te vou deixar por aí sozinha. - encolhi os ombros ouvindo risinhos da minha irmã.

Levantei o olhar para o Eric quando disse que me levava a casa e abanei a cabeça - Não precisas, obrigada. - voltei a agarrar nas minhas coisas todas e disse adeus à Rachel e ao Alex com a mão. Voltei a olhar para o Eric enquanto andava até à porta - Eu fico bem, a sério, não te preocupes. Se é que te preocupas. - encolhi os ombros e suspirei, abrindo a porta.

Revirei os olhos e só mesmo para irritar encolhi os ombros - eu não me preocupo - disse abrindo a porta e indo atrás dela - mas levo-te a casa na mesma, acho que não faz mal nenhum treinar a minha perna que quase esmagaste - apontei para a perna que tinha magoado por causa do acidente que tínhamos tido no nosso primeiro encontro. - ela está a ficar perra. - fechei a porta e abri as portas do carro ao longe.

Revirei os olhos e encolhi os ombros - Se está a ficar perra, tens de andar a pé não é de carro. - esfreguei o peito quando senti uma sensação estranha, como se estivessemos a ser observados. Olhei para o Eric enquanto se aproximava do jipe e depois aconteceu tudo muito rápido. Vi um pontinho vermelho nas costas dele e nem tive tempo de virar a cabeça para saber de onde vinha porque tinha as palavras do meu pai a martelar-me a cabeça. Se eu não fizesse o que ele queria ele ia começar a magoar as pessoas. Atirei-me para a frente e empurrei o Eric, afastando-o para o lado. Fechei os olhos e mordi o lábio inferior com força para tentar abafar o gemido de dor assim que senti a bala a passar pelo meu braço.

-Também faço exercício com os pedais e isso tudo - encolhi os ombros olhando em volta enquanto semicerrava os olhos, mas acabei por revira-los para mim próprio. Eu andava sempre com a mania da perseguição por isso não fazia mal. Fui até ao jipe, não me importando se ela me seguia ou não e fiz uma careta quando ela me empurrou. - Lilly - resmunguei levantando a cabeça e arregalei os olhos ao vê-la sangrar do braço. Olhei para trás, engolindo em seco e abri-lhe a porta - entra no jipe, rápido. - agarrei-a pela cintura.

Levei a outra mão ao meu braço ferido e engoli em seco quando comecei a ver todo aquele sangue. Quando fechei os olhos por um bocadinho, veio-me a recordação da cozinha de minha casa cheia de sangue. Tanto sangue. Era o sangue da minha mãe e da minha irmã, estendidas no azulejo de barriga para baixo. Encostei-me ao Eric quando ele me puxou pela cintura e voltei a gemer de dor, sentindo os olhos a picarem por causa das lágrimas.

Ajudei-a a entrar no jipe, fechando as janelas e quando fui para o meu lugar, toquei-lhe no queixo e fiz com que ela se virasse para mim - Está tudo bem, está bem? - perguntei quando a vi tremer. - Vamos para o hospital e já ficas bem - Engoli em seco começando a andar em direcção ao mesmo. Aquilo era para mim, tinha quase todas as certezas que era para mim, para ela me ter empurrado daquela maneira. Olhei-a para ver se estava bem e estendi a mão até ao telemóvel e assim que a minha mãe atendeu, apertei o volante com as minhas mãos - mãe.
-Sim? Eric? Estás bem? - perguntou-me logo de rajada.
-Não saias de casa, nem deixes mais ninguém sair, chama a polícia - desliguei olhando para Lilly com um suspiro.

Assenti com a cabeça e passei a mão que tinha cheia de sangue pelas minhas bochechas, limpando as lágrimas com as costas da mão. Voltei a pressionar o meu braço com força e mordi o interior da bochecha com força. Todos aqueles solavancos do carro a andar faziam-me doer mais o braço. Virei a cara para ele quando falou ao telemóvel com a mãe e suspirei - Já não vão fazer mais nada. - murmurei - No máximo vêm é atrás de nós.

Juntei as sobrancelhas quando ela falou e olhei para trás para ver se via um carro, felizmente não. - O quê? Porque é que estás a dizer isso? - perguntei esticando-me até um lenço de papel, passando-o pela sua bochecha enquanto estava de olho na estrada. Abanei a cabeça sentindo-a ferver - apenas pressiona isso.

- Porque apontaram para nós não para a casa. - murmurei com um suspiro. Apontaram para ele, não para mim, eu é que me tinha posto à frente. Continuei a pressionar o braço que me doia e fechei os olhos, sentindo a minha cabeça a pesar - Desculpa pelo carro. - voltei a murmurar e respirei fundo para me tentar manter de olhos abertos.

Sentei-me num dos bancos da cozinha e coloquei os cotovelos em cima da bancada, pousando o queixo nas minhas mãos. Segui a empregada com o olhar enquanto esta saia da cozinha e voltei a minha atenção completa para o Eric quando ficámos sozinhos. Suspirei e olhei para o meu braço - Eu que o diga. - falar nisso precisa de ir ver o meu pai mas a verdade é que só queria manter-me longe dele e estar ali com o Eric.

Olhei para o seu braço depois de colocar todas as coisas na bancada mesmo à sua frente e encostei-me à mesma enquanto a olhava. - Tu tens a certeza de que não sabes para quem é que era? - perguntei. Eu sabia, não podia ser ela. Ela.. ela era normal, tinha uma família normal. Ok, retiro o que disse. O pai dela tinha morto a mãe e a irmã, mas estava preso, não podia fazer nada, e os seus tios só deviam querer matar-me depois de estarmos casados.

- Queres ajuda? - perguntei assim que o Eric começou a pousar as coisas que ia precisar na bancada da cozinha. Deixei cair os braços na mesa e deitei a minha cabeça nos mesmos enquanto o olhava - Não sei, Eric. - menti com todos os dentes que tinha na boca - Tu sabes? - perguntei logo - Eu não sei o que aconteceu só comecei a ver uma bolinha vermelha a pontar para ti e só tive tempo para te empurrar.

Olhei-a quando deitou a cabeça nos braços e mordi a parte de dentro da bochecha quando começou a falar. - Então era para mim, tu só apanhaste para te armares em heroína - abanei a cabeça dando a volta à bancada, indo ter com ela. Rodei o banco fazendo com que ela se virasse para mim e me olhá-se - não te faças mais de heroína - toquei-lhe no queixo - pode correr-te mal e não ser no braço. - murmurei.

- Não sei. - voltei a dizer. Meti-me direita quando vi o Eric a caminhar na minha direção e mordi o lábio inferior assim que rodou o banco e me tocou no queixo. Coloquei as pernas à volta dele para o puxar para mim enquanto o olhava e assenti com a cabeça - Não me vou voltar a armar em heroína porque isso não vai voltar a ser preciso. - estiquei-me até lhe dar um beijinho no maxilar.

Encostei-me ao banco assim que me puxou para ela com os pé e suspirei abanando a cabeça - não sabes - tive que dizer. Ela agora andava mais tempo comigo e eu tinha cuidado com o que estava à minha volta, mas não conseguia saber tudo. Passei as mãos pelas suas costas e aproximei-me até lhe beijar os lábios. - não te armes - voltei a dizer quando me comecei a afastar.