Bar de Alterne

Fiquei a olhar para eles e dei por mim a sorrir baixinho. Eles já pareciam todos mais para lá do que para cá. Olhei o amigo dele que continuava a pedir-me que o animasse a levantei uma sobrancelha, será que eles não sabiam?
- Desculpem dizer-vos mas..eu acho que ele prefere ser animado por um do que por uma.- encolhi ligeiramente os ombros e virei costas, indo até ao balcão.

O meu riso desapareceu quando consegui perceber o que ela tinha dito. Ela estava a chamar-me gay? Não tinha nada contra, mas a sério? Jason começou a rir-se até ter que se sentar mas eu fiquei a olha-la e fui atrás dela, um pouco aos trambulhões mas agarrei-a pela cintura e puxei-a contra mim.
-Acabaste de me humilhar à frente deles porquê? Porque não fiz com que andasses a roçar-te em cima de uma pessoa que nem sequer conheces? Pensava que não gostavas pela cara que tinhas enquanto dançavas mas pelos vistos enganei-me - falei apenas o suficientemente alto para que ela ouvisse e perto do seu ouvido.

Pousei o tabuleiro em cima da mesa e tirei de cima dos mesmos os dois copos para que Leo os levasse.
- Dá-me uma vod..- levantei uma sobrancelha quando senti umas mãos na minha cintura e quando ouvi a sua voz, percebi que era o moreno gay da mesa de à bocado. Estremeci por me estar a falar ao ouvido e cerrei o maxilar com o que ele disse, virando-me para ele, olhando-o capaz de o matar só assim.- tu não sabes nada sobre mim nem sobre a minha vida, és apenas mais um que se vem aproveitar de nós.- disse de dentes cerrados.

Fiquei a olha-la com a cabeça meia de lado mas acabei por me rir. Eu estava tão bêbado.
-Nem quero saber loira - disse com um revirar de olhos - Sim, eu venho-me aproveitar tanto que até pensas que eu sou gay - fiz um tom irónico e encolhi os ombros - também não sabes nada sobre mim por isso não faças julgamentos - virei costas olhando para a mesa onde tinha estado, e sim, eles ainda estavam a rir. Respirei fundo engolindo em seco para ver se me acalmava e levei as mãos ao cabelo.

Continuei parada a olhá-lo e deixei que falasse tudo até ao fim, revirando ligeiramente os olhos.
- Então não fales do que não sabes nem me julgues só por dizer que és gay.- gritei-lhe. Ninguém, mas ninguém mesmo sabia o que era estar aqui.
- Está aqui a tua bebida Cam.

Respirei fundo sentando-me não sei bem onde e encostei a cabeça à parede. A última bebida tinha caído mal, para além de ter fico para lá de bêbado agora estava ainda mais mal disposto ao ponto de não ver nada à minha frente, mas de maneira nenhuma eu ia voltar ali para ir ter com eles.

Virei-me de novo para o balcão quando Leo me chamou e agarrei no meu copo, dando-lhe logo um gole.
- Cami, um homem pediu que fosses ter com ele. Mesa 25.- Sasha apareceu atrás de mim e eu suspirei, fazendo só sinal para acabar a bebida.

Quando senti que não ia vomitar já levantei-me como se estivesse normal, ou tentando, estava cheio de medo que tirassem fotos de mim assim. Lá ia a minha carreira por água a baixo. Encostei a cabeça à parede e tentei ir para minha casa, mas tive que voltar para trás porque não ia conseguir lá chegar e mais valia estar num lugar com luz.

- Vocês têm quartos aqui? - sussurrou-me o homem ao ouvido. Estava sentada no seu colo, com o seu corpo completamente colado ao meu. Estava a sentir-me tão nojenta, ele era tão nojento. Tentei afastar-me, mas o maço de notas em cima da mesa diziam-me para ficar. Eu não ia para a cama com ele. Felizmente, eu era daquelas que podia escolher os clientes.
- Nós estamos mesmo a fechar.- disse baixinho.- tenho pena, mas vai ter de voltar depois.- encolhi os ombros, fingindo-me muito desiludida e levantei, me, debruçando-me para lhe beijar a bochecha.
- Até amanhã boneca.- forcei-me a sorrir e virei costas, indo trocar de roupa.

Ok, eu ia vomitar. Passei a mão a pelo estômago e respirei fundo fechando os olhos. Não podes, não podes. Senti movimentação e ouvi barulhos o que me fez abrir os olhos e olhar em volta. As pessoas estavam a sair pelo que conseguia perceber. Podia ser que eles me vissem, mas pelos vistos isso não aconteceu porque quando ouvi a porta fechar-se e a luz apagar-se ninguém veio ter comigo.

Despi o meu vestido e ainda em lingerie tirei toda a maquilhagem da minha cara, respirando fundo, aliviada. Vesti depois as minhas calças de ganga e o meu top, colocando um casaco por já ser de noite e estar mais frio. Olhei em volta, para me certofocar de que não me esquecia de nada e depois saí, fechando a porta à chave. Revirei os olhos por toda a gente se ter ido embora. Esqueciam-se sempre de mim. Acendi as luzes para não ir contra nada e arregalei os olhos ao ver o moreno sentado num banco e com muito má cara.
- O que é que estás aqui a fazer? - perguntei, aproximando-me.

Ouvi uma voz algures e levantei lentamente a cabeça para ver a assombração da loira. Suspirei encostando a cabeça ao banco e fechei os olhos.
-Estava à espera que aparecesses para vomitar para cima de ti.

Primeiro fiquei a olhar para ele feita parva, a pensar se o havia de espancar ou deixá-lo ali, a morrer aos poucos. A segunda pareceu-me mais adequada.
- Ai sim? Pois, vais ter que te contentar com esse banco, eu sou demasado bonita para ter vómito teu.- sorri cinicamente apesar de ele não ver.- gostava de fechar isto se não te importasses.

Fiz um sorriso estúpido com que ela disse e levantei-me agarrado ao banco começando a sair devagarinho para a rua e assenti que senti o ventinho a ir contra a minha cara respirei fundo para ver se me sentia melhor. A porcaria da bebida que ela me tinha dado devia estar envenenada. Continuei a andar até sentir a cara numa coisa fria só depois percebendo que era uma parede.
-Aqui está-se bem.

Fiz-lhe adeusinho com a mão quando se levantou para sair e revirei os olhos com o seu estado. Estava tão bêbado. Abanei a cabeça, apagando as luzes e saí, trancando a porta. Olhei para o lado, ouvindo-o falar e vi-o com a cara encostada à parede.
- És um gay muito estranho.- levantei uma sobrancelha e aproximei-me, pondo um braço dele em volta do meu pescoço.- onde vives? - perguntei. Ele não estava em condições de ir onde quer que fosse sozinho.

Senti-me afastar da parede e olhei para a loira cheirando o seu pescoço.
-Cheiras bem - disse agarrando-me mais a ela e abanei a cabeça - eu não gosto nada de ti. - encostei a cabeça ao seu ombro.

Estremeci, encolhendo-me ligeiramente quando me cheirou e revirei os olhos, começando a andar para minha casa.
- Não te preocupes que o sentimento é mútuo.- murmurei enquanto tentava fazer com que andasse. Não gostava da ideia mas, ia levá-lo para minha casa.

Soltei um risinho maroto e agarrei-me melhor a ela fechando os olhos durante um bocadinho enquanto andava ou era arrastado.
-Não gosto nada de ti - voltei a repetir e olhei-a - mas és boa como tudo - voltei a levantar a cabeça enquanto a olhava muito atentamente.

Coloquei uma mão em volta da sua cintura e fui arrastando-o, ou pelo menos tentando. Revirei os olhos, bufando e olhei para ele.
- Agora já dás para os dois lados? - levantei uma sobrancelha e baixei o olhar para as suas pernas, pareciam de chumbo.- podes mexer-te e colaborar? - resmunguei.

-Hmhm - disse tentando andar e agarrei bem na sua camisola quando parecia que ia cair. Suspirei baixinho e voltei a levantar a cabeça ficando a olhar seriamente para ela - se vires um flash não podes.. - não terminei e voltei a encostar a cabeça ao seu ombro.

Segurei-o bem para que não caísse e suspirei por estar tão bêbado. Arregalei os olhos quando começou a falar em flashes e ainda fiquei a pensar se era culpa do álcool.
- Tu és famoso? -perguntei ainda de olhos arregalados.

Fechei os olhos quando vi um carro vir na nossa direcção e encostei a cabeça ao seu pescoço.
-Cheiras mesmoo bem - voltei a repetir nao percebendo nada do que me dizia - mas eu não gosto de ti. - fiz uma cara escandalizada - chamaste-me gay! Eu não sou gay. - abanei a cabeça completamente confuso - eu só não quero gajas a roçarem-se em cima de mim. - olhei para ela - ainda por cima tu és podre de boa.

Puxei-o mais para o passeio quando um carro veio na nossa direcção e encolhi-me, ele não largava.
- Então porquê, tens medo de não te conseguir controlar? - gozei.- e sim, costumam dizer-me isso.- encolhi os ombros e respirei fundo quando comecei a ver o meu prédio ao fundo.

-Hã? - perguntei porque não tinha percebido nada do que ela tinha dito - Não gosto nada de ti - suspirei sentindo-me cansado, mas não o suficiente para começar a cantar - Hollywood whore passed out on the floor I'm sorry but the party's over - fiz o som da música - Cocain nose and trendy clothes Gotta send her to rehab She found out she's got no soul But it really doesn't bother her white trash queen American dream Oh, what a role model Thowing a fit Making a scene Like no tomorrow - abanei a cabeça.

Fiz um gesto qualquer com a mão para que esquecesse e revirei os olhos quando voltou a dizer que não gostava de mim. Eu só esperava que sóbrio ele fosse menos chato. Levei a mão livre à mala para tirar de lá a minha chave no preciso momento em que ele começou a cantar.
- É que não me faltava mais nada.- resmunguei baixinho.- está caladinho oh vedeta, ainda acordas as pessoas com esse teu cantar de galo.