Praia

Tentei não sorrir mas não consegui evitar os cantos dos meus lábios de sorrir assim que ouvi a resposta do Eric. Ri-me com a última pergunta dele e encolhi os ombros - Eu não disse isso, estava apenas a perguntar. - sabia que ele já tinha estado com a Mariah, duas vezes pelo menos, mas para além disso, não sabia de mais ninguém. Se calhar não era só pelo sexo, se calhar ele gostava dela. Mordi o lábio inferior com um suspiro e deitei a cabeça no ombro dele - Mas ainda bem. - murmurei enquanto brincava com a areia.

Olhei para os seus olhos que de repente tinham ficado demasiado pertos, por ela ter encostado a cabeça ao meu ombro e sorri-lhe levemente. - Então parece que agora podemos casar - disse rindo-me levemente mas rapidamente parando e fiquei durante um bocado calado enquanto olhava para o céu. - Queres sentir? - perguntei do nada voltando a olha-la, olhando depois para baixo para ela perceber que estava a referir-me ao peito.

Sorri com o que ele disse e assenti com a cabeça - Acho que podíamos casar de qualquer maneira. - deixei-me estar encostada a ele enquanto olhava para o mar que não estava assim tão longe de onde nos encontrávamos. Juntei as sobrancelhas e olhei para o Eric mas só depois percebi ao que ele se estava a referir. Sabia as coisas horríveis que o meu pai lhe tinha feito apesar de nunca ter visto, nem em fotografias, nem ao vivo - Eric.. não precisas. - disse baixinho enquanto o olhava.

Encolhi os ombros quando disse que não precisava e agarrei-lhe numa mão colocando-a na zona mais abaixo de onde tinha o corte gigante - vais ser minha mulher, porque é que não poderias? - perguntei baixinho fazendo com que ela subisse devagar a mão até à zona. Essa zona era uma espécie de fundego, como quando se ia no mar e de repente se deixava de ter pé. Parte da minha carne tinha ido, assim como parte de um osso. - Os médicos tiveram que substituir tudo por metal - murmurei olhando para ela. - se não tivesse o metal conseguias ver um bocado do meu coração. - sorri um bocadinho.

Deixei que o Eric agarrasse na minha mão e ma colocasse no peito dele mas sentia-me com vontade de vomitar. Não por o achar nojento ou algo do género, era porque tudo aquilo era culpa do meu pai. Do meu pai que agora queria que eu o usasse para descobrir a porcaria que ele não tinha conseguido quando se tinha posto a torturá-lo. Passei a pontinha dos dedos devagarinho pela zona do corte grande dele e assenti com a cabeça enquanto o olhava nos olhos - Agora és mais giro. És o extreminador implacável. - brinquei com um pequeno sorriso.

Larguei a sua mão para o caso dela não querer tocar mais e olhei-a com um meio sorriso. - não, eu sou só implacável - brinquei passando dois dedos pela sua bochecha mas logo os afastando. Para os outros podia ser giro ter aço no corpo, mas para mim doía como tudo. - Eu acho que a tua tia não encontrou pior noivo para ti do que eu - disse bastante sinceramente - claro que nunca ias encontrar um tão giro... - ri-me.

Deixei a minha mão estar dentro da camisola dele, passando a pontinha dos dedos pela zona da ferida dele. Eu não ia ajudar o meu pai, já me tinha decidido em relação a isso à bastante tempo mas só agora é que o estava a pensar a sério. Ia proteger o meu primo mas não ia fazer mal ao Eric, nem pensar. Ele já tinha sofrido demasiado por causa da minha família. Revirei os olhos com um sorriso com o que ele disse - Não sejas convencido, Frederic. - disse com um meio sorriso - Tu não és tão mau como estás sempre a dizer às outras pessoas.

Sentia-me melhor por a ter feito tocar, mas ainda não estava confiante o suficiente para tirar a camisola a frente de quem quer que fosse, até ao espelho eu nao gostava. Virei-me para ela quando a ouvi dizer que eu não era assim tão mau quanto dizia e levantei as sobrancelhas - não sou? - perguntei - e porque é que dizes isso?

Olhei para ele quando pareceu apanhado de surpresa pelo que eu disse e encolhi os ombros - Porque és querido e simpático e preocupaste com as pessoas. - respondi com um sorriso. Deixei o meu queixo pousado no ombro dele e continuei com a mão dentro da camisola do Eric, pousada na zona da ferida dele - Apesar de ao principio seres super irritante e mau, depois começas a mostrar como és verdadeiramente.

Encolhi os ombros - só me preocupo com quem se preocupa comigo - disse-lhe voltando a ter a minha cara demasiado perto da sua, mas isso já nem me incomodava mas agora beijava-a como se ela fosse minha noiva a sério. Levei a mão à dela e comecei a fazer-lhe festinhas - eu gosto de ser mau às vezes, é divertido - ri-me.

- Fazes bem, não vale a pena preocuparmo-nos com pessoas que não merecem. - rocei o meu nariz no do Eric à esquimó assim que ficámos mais uma vez demasiado próximos e olhei para as nossas mãos assim que senti a dele na minha. Entrelacei os nossos dedos e voltei a levantar o olhar para ele, rindo-me ao ouvi-lo dizer que era divertido ser mau - Está bem, mas não sejas mau muitas vezes. Se não passo a chamar-te Frederic.

Olhei para os seus lábios mas o que ela fez com as nossas mãos fez-me olhar para os seus olhos de novo. Tinha que admitir que estar com ela e não a beijar estava a tornar-se difícil, o que queria dizer que já era um hábito. Não era mau pois não? Afinal éramos noivos. Encolhi os ombros mentalmente e apertei-lhe a mão sorrindo quando ela se riu. - Não - disse com uma expressão horrorizada - quanto mais me chamam de Frederic pior eu sou.

Voltei a rir com o que ele disse e estiquei-me até lhe conseguir dar um beijinho no maxilar e voltei a deitar a minha cabeça no ombro dele de seguida - Então vou continuar a chamar-te Eric mas tens de te portar bem. - mordi o interior da bochecha, tentando controlar-me para não o beijar o que era bastante difícil porque estávamos demasiado perto um do outro e a vontade era demasiado grande.

Revirei os olhos não conseguindo esconder um sorriso - e eu não tenho sido bom para ti? - perguntei - deixei que o teu sangue sujasse o meu carro todo - disse num tom como se fosse algo muito importante mas acabei por me rir. - não te preocupes, não vale a pena afastar-te já que não podes ser afastada - estiquei uma mão para a bochecha dela.

Deitei-lhe a língua de fora com o que ele disse mas nem sequer disse nada, não valia a pena, ele já tinha esquecido a ideia de que era suposto a bala ser para ele, se eu falasse e mesmo que dissesse que estava a brincar, ele ainda podia voltar a essas coisas. Encostei a minha cara à mão do Eric assim que a esticou para a minha bochecha e voltei a olhá-lo - Isso quer dizer que já estás mesmo a gostar da minha companhia. - pisquei-lhe o olho e não consegui evitar que o meu olhar descesse para os lábios dele - É normal.

Fiz uma careta e abanei a cabeça - não, não podes ser afastada porque vou casar contigo - olhei para os olhos dela e segui a sua direcção parando os meus nos seus lábios. - Porque se não fosses eu afasta-te - murmurei virando-me de lado para ela. Afastava-a mesmo se não quisesse, desde que fosse só para a manter segura.

- E porque adoras a minha companhia. - voltei a dizer com um meio sorriso. Mordi o lábio inferior assim que o Eric se deitou de lado, ficando mais virado para mim e isso fez com que ainda me tivesse de controlar mais para não o beijar, o que se tornava cada vez mais difícil - Não ias conseguir. - encolhi os ombros - Eu sou mais teimosa que tu. - e basicamente tinha uma arma apontada à cabeça do meu primo para que eu não me afastasse dele.

Levantei as sobrancelhas - és mais teimosa que eu? - perguntei com um sorriso colocando uma mão por cima da sua cintura aproximando-me o suficiente para a beijar, mas não por muito tempo. Ouvi um estrondo de uma onda maior e quando levantei a cabeça já estávamos nós todos molhados. - Oh boa - resmunguei levantando-me logo e puxando-a para que fizesse o mesmo.

- Sim, sou. - disse com um sorriso e fechei os olhos quando o Eric se começou a aproximar de mim e de seguida senti os lábios dele pousados nos meus. Ri-me e afastei-me dele assim que uma onda caiu mesmo em cima de nós e levantei-me da areia, agarrando na minha camisola para espremer a mesma - Só íamos passear e afinal fomos ao banho. - afastei os cabelos da minha cara e espremi também os cabelos.

Revirei os olhos por estar todo ensopado e olhei para Lilly que se ria - isto deve ser o destino - resmunguei baixinho e decidi não o fazer mais já que ela tinha pedido para não ser "mau". Olhei para o meu telemóvel para ver se estava intacto a tempo de ver uma mensagem de um dos meus amigos que já não eram assim tão intimos. Abri-a e levantei as sobrancelhas ao ver a mensagem: VAMOS FAZER A TUA DESPEDIDA DE SOLTEIRO NA DISCOTECA, NEM PENSES EM FALTAR. - só podem estar a gozar - voltei a resmungar quebrando a minha promessa e olhei para Lilly mostrando-lhe a mensagem.

- O destino quer-nos molhados? - perguntei de sobrancelhas levantadas enquanto olhava para o Eric. Olhei para ele meio preocupada quando viu uma mensagem e dei um passo para a frente para ler assim que ele ma mostrou - Não queres uma despedida de solteiro? - perguntei levantando o olhar para o Eric - Bebidas, stripers, pensava que era o sonho de todos os homens. - disse com um encolher de ombros tentando soar natural.

Fiquei a olha-la com cara de carneiro mal morto e abanei a cabeça guardando o meu telemóvel - não, o que eu quero é ficar em casa. Já não tenho disposição para sair com eles - suspirei passando as mãos pelo cabelo e abanei a cabeça para mudar de tema- anda, vamos secar-nos - pousei uma mão nas suas costas para a guiar.

- Podes sempre não ir. - disse com um encolher de ombros enquanto olhava para o Eric. Deixei que ele me empurrasse para a frente para que nos dirigissemos ao carro para nos secar, uma vez que estávamos completamente encharcados por causa da onda. Voltei a rir e mordi o lábio inferior para tentar parar - A onda teve graça podias rir-te. - dei-lhe uma cotovelada com pouca força na barriga e olhei-o.

-Não me vão deixar, vão até minha casa e falar com a minha mãe como se faz quando se tem quinze anos. Depois a minha mãe também me obriga porque é o que ela quer - encolhi os ombros. Olhei-a quando me deu uma cotovelada e sorri levemente quando disse que a onda teve piada. - Não teve, eu estava a beijar-te - ri-me baixo.

- Então vai e diverte-te. Pode ser que não seja assim tão mau. - disse-lhe com um encolher de ombros. Parei de andar quando parei em frente ao carro dele e ri-me novamente quando ouvi o que ele disse - Ah, sim, por isso não teve piada. - puxei-o para mim pela camisola e meti-me em bicos de pés até conseguir voltar a juntar os meus lábios aos do Eric para o beijar. A única coisa que eu não tinha gostado mesmo na onda tinha sido interromper-nos mas isso resolvia-se.