Quarto da Lilly

Encolhi-me toda na cama e fechei os olhos com força. Era sempre o mesmo pesadelo. Sempre. Sentei-me na cama de repente com o peito a subir e a descer muito rápido e conseguia ouvir muito bem o meu coração. Passei as costas da mão pela testa e voltei a deitar-me agarrada à almofada. Precisava de arranjar maneira de ficar livre.

Senti alguém a enfiar-se dentro da minha cama e sorri ao sentir aqueles braços fininhos à minha volta. Ele era o único que me fazia gostar daquela família e acima de tudo, não ir embora.
- Vou dormir contigo. - disse ele muito seguro enquanto nos tapava.
Sorri e fechei os olhos - Está bem, Ben. Dorme bem.

Sorri quando percebi que ele tinha adormecido e puxei as mantas mais para cima dele, para que ele ficasse bem quentinho. Ajeitei a minha almofada e deitei a cabeça na mesma. Fiquei a olhar para a fotografia que tinha na mesa de cabeceira, onde estava eu, a minha mãe e a Mia. Mordi o lábio inferior e fechei os olhos com força, obrigando-me a adormecer também.

Procurei pelo seu quarto pelos corredores e revirei os olhos quando disse que tinha febre mas também não insisti.
-Isso sei eu, mas não te consegues mexer? -perguntei encontrando o quarto, e se não fosse tínhamos pena, mas havia fotos por isso devia ser. Deitei-a na cama tapando-a com a toalha e mordi o lábio. - Hm... queres ajuda a vestir-te? - levantei uma sobrancelha.

- Sinto-me mole. - disse-lhe com a voz baixinho assim que ele me deitou na cama. Olhei para o meu corpo e encolhi os ombros - Não vais abusar? - perguntei olhando para ele. Não deixei que respondesse se quer - Sim, podes ajudar-me se faz favor..

Olhei para ela de sobrancelha levantada.
-Por acaso parece um violador? - perguntei indo buscar uma roupa vasculhando no seu armário e quando encontrei fui ter com ela assentindo com a cabeça sentando-a com cuidado na cama para a ajudar a vestir a t-shirt.

Abanei a cabeça para responder à pergunta dele e fiquei a vê-lo a ir remexer no meu armário - Não, mas és... Mau.. - fiz uma careta por não arranjar palavra melhor - és bruto e não sei. - levantei os braços para vestir a camisola - Obrigada por tudo. Conseguiste ser bastante simpático ultimamente. - sorri ligeiramente.

Respirei fundo quando começou a chamar-me mau e bruto, até parece que lhe bato. Depois da camisola vestida dei-lhe as primeiras cuecas que encontrei e umas calças de pijama quentes. - É de graça - encolhi os ombros.

Olhei para as cuecas que ele me estendeu - Tanga vermelha? - levantei uma sobrancelha - Obrigada, acho eu. - vesti-me debaixo das mantas e deitei-me como deve ser na cama, tapando-me de seguida. Mordi o lábio inferior e suspirei - Continuo com frio, Eric..

Encolhi os ombros quando vi as cuecas que lhe tinha dado e sentei-me de costas para ela para que se vestisse em paz.
-Não precisas de agradecer, não te ia deixar sozinha a arder em febre. - encolhi os ombros virando-me devagar para a ver já deitada. Olhei para a rua e fui-me deitar ao lado dela quando disse que tinha frio.

Mordi o interior da bochecha quando ele se veio deitar ao meu lado e suspirei baixinho - Podes ir embora, Eric. Não precisas de ficar aqui, a sério. - suspirei de novo e puxei as mantas para cima de mim.

Revirei os olhos quando me mandou embora mais uma vez e fiquei a olha-la.
-Estás a arder em febre Lilly se fosse eu também não ia querer ficar sozinho - disse voltando a deitar a cabeça.

- Está bem. - murmurei baixinho e fechei os olhos por um bocado. Fiz uma careta quando me lembrei - Então, tu e a Mariah? - assenti com a cabeça - Ficam bem, vocês os dois. E ela estava toda louca contigo naquela noite.

Fiz uma careta quando a ouvi falar.
-Quem? - perguntei quando ouvi o nome mas logo percebi de quem é que ela falava - ah sim - encolhi os ombros. - é normal.

Assenti com a cabeça e controlei a careta enojada. Eu ia casar com ele. Não ia não que ia falar com o meu pai para acabar com esta fantochada de uma vez.
- Não vamos casar. - assegurei-lhe - Vais poder estar com as mulheres que quiseres e nunca mais vais ter de me ver nem de tomar conta de mim por estar doente.

Olhei-a com uma careta confusa quando começou a dizer que não íamos casar e encolhi os ombros passando as mãos pelos seus braços.
-Eu não estou a tomar conta de ti porque nos vamos casar Lilly, é porque estás doente. Cala-te e dorme.

Revirei os olhos quando me mandou calar e dormir e mordi-lhe o peito. Aninhei-me ao lado dele e fechei os olhos.
- Não sejas mau. - murmurei antes de espirrar.

Afastei a sua boca do meu peito e puxei-a mais para cima e fui mais para baixo.
-Então pára quietinha - disse olhando-a - se não descansares não melhoras- disse encostando a cabeça à almofada.

Fiz beicinho quando ele ficou todo estranho por eu o morder no peito - És gay? - espera, ele tinha estado com a Mariah - Se calhar és bi mas preferes homens. - disse pensativa. Mordi o lábio inferior e meti-me em cima dele. A febre estava a fazer-me mal.

Fiquei a olhar para ela com cara de parvo quando perguntou se era gay e veio para cima de mim, levantei uma sobrancelha enquanto a olhava.
-Porque é que haveria de ser gay? - perguntei - porque não me atirei a ti e me atirei à Mariah? - fiz um sorriso estúpido levantando a cabeça até o meu nariz roçar com o dela.

Revirei os olhos com a segunda pergunta dele e olhei-o fixamente quando se veio encostar à minha cara. Encolhi os ombros e passei os dedos pelo peito dele.
- Não é nada disso, estúpido, é porque és estranho. E mal te tocam ficas todo afetado. Por isso deves é gostar que os homens te toquem. És gay. - voltei a encolher os ombros.

Levantei uma das minhas sobrancelhas à medida que a ouvia falar e revirei os olhos afastando os seus dedos do meu peito quando começou a mexer lá. Parecia que toda a gente tinha uma fixação por ele.
-Eu não gosto que ninguém me toque - disse em primeiro lugar - e eu acho que tens ciumes da Mariah, por isso é que estavas com tanto interesse à bocado.

Voltei a revirar os olhos e belisquei-lhe a bochecha - Não, tu não gostas que as mulheres te toquem, preferes que sejam os homens. - encolhi os ombros - Não faz mal, eu conheço homossexuais, não deixam de ser pessoas normais. - sorri-lhe - Não precisas de ter problemas em assumir. - e abanei a cabeça - Eu não tenho ciúmes. Ainda por cima se depois de estares com a Mariah percebeste que eras gay, não há motivos para ter ciúmes alguns.

Mordi a parte de dentro da minha bochecha para não me passar com ela e revirei os olhos quando não se calou em eu ser gay.
-Eu não gay - abanei-a ligeiramente - não gosto que me toquem qual é o problema ciumenta? - perguntei para a picar. Já que ela podia eu também podia.