Quarto do Eric

Virei para a rua que ela tinha dito e encostei a cabeça ao banco olhando para as casas.
-Eu não te trato mal, eu trato-te como trato toda a gente, mas tu és irritante - disse-lhe parando em frente a uma casa que reconhecia do outro dia.

- Hm, obrigada por todos os elogios. - disse no momento em que ele parou o carro à frente da minha casa. Tirei a manta de cima de mim e dobrei-a, esticando-me toda para a voltar a colocar no banco de trás - Obrigada.

Assenti com a cabeça enquanto revirava os olhos e encostei-me ao banco respirando fundo enquanto olhava pelas janelas.
-De muito.

Mordi o lábio inferior enquanto olhava para ele e aproximei-me ligeiramente dele, ajoelhando-me no banco do carro - Estás bem? - perguntei baixinho.

Olhei para ela quando me perguntou se estava tudo bem, mas por momentos não a vi, apenas assenti, abanando a cabeça logo de seguida mas para parar de me lembrar de certas coisas.
-Sim, está tudo. - disse quando a consegui ver de novo.

- Não parece. - olhei-o com atenção e mordi o lábio inferior - Precisas de alguma coisa? - voltei a perguntar-lhe baixinho. Estiquei uma mão devagarinho e passei-a pelo braço dele com cuidado não fosse ele passar-se da cabeça.

Endireitei-me na cadeira e olhei para ela afastando depois o meu braço.
-Não, só me estou a lembrar de cenas que... - aconteceram - que fiz. - procurei pelos seus olhos e abanei a cabeça - eu estou óptimo.

- Hm. - pois, lepra já me esquecia. Encolhi os ombros. Não percebia porque é que ficava tão afetada. Ele era um estúpido porque é que eu ainda me tentava importar? Pois porque és burra. Ou boa pessoa como o Brian passava a vida a dizer - Ainda bem.

Fiquei a olhar para o volante durante uns segundos, mas depois fiquei a olha-la enquanto ela fazia o mesmo.
-Podes levar a manta, está a chover.

- Não faz mal, já estou constipada. - encolhi os ombros e olhei pela janela para a rua para ver a chuva - Obrigada, Eric.

Revirei os olhos e atirei-lhe a manta para cima e encolhi os ombros quando me agradeceu. Ela era tão irritante meu deus, dava vontade de a agarrar e sabe-se lá fazer o quê..
-De nada Lilly.

Agarrei-me à manta e fiquei a olhar para ele - Mas não consigo deixar-te ir embora assim. Não estás bem. - olhei-o com atenção e sorri ligeiramente depois de ele falar.

Fechei os olhos durante uns segundos e quando ela falou voltei a olhar para ela abanando a cabeça, olhando para o seu semisorriso.
-Então queres ficar aqui a olhar para mim? - perguntei

Encolhi os ombros enquanto o olhava - Se isso significa que não vais contra outro carro, sim. - sorri-lhe cinicamente - Eu sou ciumenta. Não quero que arranjes outra mulher com a ida para o hospital. - disse completamente irónica.

Fiz uma careta quando ela começou a disparatar e olhei instintivamente para a minha perna que só às vezes se queixava.
-Tu és tão estranha Lillianne qualquer coisa - abanei a cabeça com um esgar no rosto.

- Queen. Qualquer coisa não faz parte do nome de família. - segui o olhar dele para a perna e suspirei - Anda. Ao menos entras para tomar alguma coisa. Não te vou deixar a conduzir assim todo estranho. - espetei-lhe um dedo à frente da cara - E nem penses em discutir. Acho que eu estar aqui de lingerie mostra que sou muito teimosa.

-Ou isso, é parecido - encolhi os ombros e fiz uma careta quando a ouvi convidar-me para entrar. Os meus olhos foram parar à manta e apontei para ela com o queixo - então tapa-te com isso, ainda ficas pior - resmunguei com um abanar de cabeça ao mesmo tempo que saía e apanhava eu com a chuva. Só estava a aceitar a sua proposta porque eu sabia que ela tinha razão, a última vez que tinha relembrado certas coisas tinha provocado um acidente em que tanto eu como ela tínhamos sofrido. Não me apetecia estragar outra vez o meu carro. Apressei-me a ir para o outro lado e tapei-a - Se te molhas não levas com a minha gentileza - disse logo, puxando-a pela mão.

Olhei para a mão dele quando agarrou a minha e agarrei-me à manta com força - Quero conhecer essa gentileza, por isso como vês, não estou molhada. - disse já debaixo do tecto da entrada da casa. Afastei uma pequena tábua da parede e tirei de lá a chave de emergência. Depois de abrir a porta fiz sinal para que ele entrasse - O molhado aqui és tu.

Abri a porta das traseiras de minha casa, a minha mãe devia estar na sala e não me apetecia cruzar com ela, subi as escadas devagar para não cair com ela e entrei no meu quarto deitando-a na cama com cuidado.
-Podes não estar amuada?

Levantei-me da cama dele assim que me deitou lá que era para não lha molhar. Encolhi os ombros e pus-me a olhar em volta com atenção aos pormenores do quarto dele.
- Não.

Revirei os olhos quando disse que não podia e abri a porta da casa de banho quando se levantou.
-Podes ir ali se quiseres - disse apontando para lá e fui buscar a sua roupa para ir tirar a areia.

- Não quero. - disse com um encolher de ombros enquanto saltitava pelo quarto dele - Tens um quarto giro e grande. - aproximei-me da janela e olhei para o jardim pela mesma - Tu não és grande nem giro.

Fiz uma careta ficando a olha-la e encolhi os ombros.
-Não faz mal, há quem goste - fechei-me na casa de banho a sete chaves e comecei a despir-me para não ficar mais doente do que já estava.

Revirei os olhos quando ele se fechou na casa de banho - És mesmo idiota. - agarrei nas minhas coisas e fui até à casa de banho, dar um soco na porta - Vou embora! Idiota! - abanei a mão que me doia - Au.

-A porta está fechada à chave estúpida - disse revirando os olhos e pousei a chave da mesma no lavatório vestindo uma camisola quentinha e espirrando baixinho. - Idiota és tu - disse baixinho só para mim por me ter feito ficar a mim pior. Abri a porta da casa de banho e revirei os olhos.