Automóvel de Eric Grant

Relembrando a primeira mensagem :

depois

- Hmm - assenti com a cabeça enquanto mordia o lábio inferior e tentava pensar em outra coisa que nos ombros dele. Que interessava isso? Ele podia ser giro e sexy, e era mesmo, mas era um mal-encarado, refilão, parvalhão e outros adjetivos ainda piores. Por isso, quando o interior era assim tão horrivel, o exterior pouco importava. E além do mais e mais importante, eu tinha namorado!
Olhei pelo canto do olho para a mãe dele e suspirei baixinho. Quem me dera...

A minha mãe veio dar-me um beijinho na testa e sorriu à outra irritante.
-Eu vou ver quando é que vocês podem sair - disse ela baixinho mas suficientemente alto para que ela ouvisse também o que ela dizia. Suspirei baixinho olhando para a porta enquanto ela saía.
-Os de ontem vêm cá buscar-te? - perguntei. Nem os tinha tratado por pais dela porque via-se bem que não eram.

Sorri à mãe dele quando se levantou para sair. Voltei a cara para o Frederic e abanei a cabeça - Não. Vou sozinha. - encolhi os ombros.

Fiz uma careta quando disse que ia sozinha. Mesmo que eu não desse a minima para o assunto eu sabia que assim que a minha mãe soubesse ela a ia levar.
-Pode ser que não - disse apenas desviando o olhar para o tecto.

Abanei a cabeça com o que ele disse e olhei-o de lado, enquanto mordia o lábio inferior - Eu vou bem sozinha, não faz mal. - não queria preocupar o Brian - E tenho de ir.. fazer umas coisas.

-Não interessa - Encolhi os ombros com o que ela estava para ali a fazer, se a minha mãe a quisesse levar ela ia conseguir leva-la, nunca desistia. Fechei os olhos quando uma enfermeira apareceu e começou a tirar-nos o soro. Lá se ia a minha paz, aposto que os efeitos dos analgésicos iam passar em meia hora. Quando voltei a abrir os olhos vi a minha mãe e sorri-lhe pedindo-lhe a camisola, antes que se armassem em espertinhas.

Fiquei sossegada enquanto nos tiravam o soro e o resto das coisas e mordi o lábio enquanto procurava pelo meu vestido. Suspirei de alivio quando o vi numa cadeira mesmo ao meu lado, apesar de ter manchas de sangue e alguns cortes no tecido, estava em bom estado. Levantei-me da cama de costas para o outro, agarrando na bata na zona debaixo porque não queria que ele visse o meu rabo, credo.

Quando a enfermeira saiu sentei-me na cama muito calmamente virando-me de costas para ela, visto que não queria nada que me visse, e olhei para a minha perna que parecia que estava ao pendurão. Fiz uma ligeira careta quando tirei a ligadura à minha volta e ela ficou mais solta.
-O médico diz que precisas de medicamentos para a perna. - Assenti com a cabeça e peguei na minha t-shirt lavada vestindo-a devagar.

Fui até à casa de banho e agarrei-me à porta - Eu vou usar a casa de banho. - disse-lhe - Hmm, depois podes vir se quiseres. - encolhi os ombros e fechei a porta atrás de mim. Despi a bata e voltei a vestir a minha roupa toda. Fiquei um bocado a olhar-me ao espelho e passei a ponta do dedo por um arranhão que tinha na bochecha. Mordi o lábio e ajeitei o cabelo antes de voltar para o quarto.

-Vai - disse apenas com um encolher de ombros. Não conseguia gostar dela, tinha embirrado, podia ser uma mania, mas não conseguia mudar, pelo menos não depois de ela ter vindo contra mim. Pronto.. e eu contra ela. Recusei a ajuda de todas as pessoas que tentaram ajudar-me quando me viram à rasca por causa das calças e consegui vesti-las com algum cuidado.

Olhei para a enfermeira que tinha voltado para o quarto e perguntei se estava tudo e podia sair. Depois de ela confirmar, aproximei-me da cama dele - Desculpa. - pedi-lhe de novo enquanto mordia o lábio inferior - E espero que tenham um bom dia. - disse sorrindo ligeiramente.

Olhei-a quando pediu desculpa e encolhi os ombros, já lhe tinha dito que não tinha sido exclusivamente por causa dela. Estava a abotoar as minhas calças quando a minha mãe começou a falar com ela, com aquele seu olhar curioso, uma coisa nós tínhamos igual, era aquele olhar.
-Vais sozinha? - espreitou - não não, eu levo-te e nem sequer resmungues, eu levo-te pequena. - revirei os olhos. Eu já sabia, ela nem sequer deixou a maluca responder.

Abanei a cabeça quando a mãe dele se ofereceu logo para me levar - Não precisa, a sério. - disse-lhe com um sorriso enquanto pegava no meu casaco - Não se preocupe comigo, já tem o seu filho. Eu vou sozinha, está tudo bem.

Arranjei-me agarrando nas muletas e revirei os olhos quando a minha mãe foi ter com ela.
-Eu não te deixo sair daqui sozinha, sofreram os dois um acidente! Eu levo-te onde quiseres, não tenhas vergonha.
-Ela não tem vergonha - comentei

Levantei uma sobrancelha com o que ele disse - Estás a falar de quê? - perguntei em cima do ombro da mãe dele. Voltei a olhar para a senhora e abanei a cabeça - Não se preocupe, a sério. Não quero incomodar.

Abanei a cabeça sorrindo cinicamente.
-De nada - comecei a tentar sair direito daquilo com as muletas e quando olhei para trás vi a minha mãe agarrando-lhe numa mão.
-Não estás a incomodar, eu estou a dizer-te que vais. - riu-se toda animada, ainda iam ficar todas amiguinhas.

Continuei com uma sobrancelha levantada. Mas ele estava a falar de quê?
Mordi o interior da bochecha com força e suspirei - Está bem.. Obrigada. - agradeci-lhe com um sorriso.

Voltei a tentar andar com aquilo e tentei não me desiquilibrar, sentia que podia cair a qualquer momento. Olhei para a minha mãe que foi para o meu lado toda sorridente enquanto puxava a outra.
-Então e vais para casa? - perguntei eu.

Queria ir visitar o meu pai mas assim tinha mesmo de ir era para casa. Assenti com a cabeça enquanto mordia o lábio inferior - Sim, vou para casa. - com sorte apanhava a hora de almoço do Ben ainda.

A minha mãe assentiu.
-Eu acho que sei onde é - disse fazendo uma cara pensativa e acabei por sorri. Ela conhecia toda a gente, era impressionante. Desci as escadas com cuidado sentindo a minha mãe agarrar-me num braço e fui até ao carro.

Sorri-lhe ligeiramente mais uma vez - Obrigada. - agradeci mais uma vez. Esperei que ele entrasse no carro, não sei bem porquê, e entrei a seguir.

Tentei esticar a perna, mas a única solução era que ela estivesse em cima do colo dela. Não me importei deixando-o lá ao mesmo tempo que fazia uma careta e coloquei o cinco encostando a cabeça ao vidro.

Olhei para baixo e levantei uma sobrancelha quando vi a perna dele estendida no meu colo - Hmm, não sou banco, Frederic.

Olhei para a Lillianne quando me falou e depois para a minha perna, acabando por revirar os olhos e fazendo um esforço para me sentar direito.
-Espero que viajes confortavelmente - revirei os olhos.

Suspirei baixinho e puxei a perna dele para cima de mim de novo, mas com cuidado que não o queria magoar - Desculpa. Podes ir assim se vais melhor.