Quarto da Camilla

Fui até à casa de banho, para me pentear e revirei os olhos com o que ele disse, olhando-me ao espelho enquanto fazia uma trança.
- Eu não tenho dinheiro para mais.- encolhi os ombros, falando-lhe da casa de banho.- mas tu também não tens nada a ver com isso.- saí e fiz uma careta ao vê-lo andar de um lado para o outro.- credo, tenho uma manta no armário.- apontei com o queixo para o mesmo.

Suspirei quando disse que não tinha dinheiro a mais, mas acabei por encolher os ombros.
-Isso não me interessa mesmo - resmunguei olhando para o armário e assim que consegui fui até ele agarrando na manta colocando-o à minha volta.

Sentei-me na cama para calçar os meus sapatos e revirei os olhos, praguejando baixinho.
- Pois, tal como eu pensei.- murmurei levantando-me.- mas sempre podes ir e dormir na tua cama confortável, eu só te tentei ajudar, apesar de não gostares de mim.- voltei a revirá-los.

-Sim, pois - disse não ouvindo nada do que ela tinha ouvido por estar demasiado concentrado em tentar parar de tremer. Deitei-me na almofada e fechei os olhos ficando todo enrolado com o nariz dentro da manta.

Fiquei a olhá-lo, todo a tremer, e arregalei os olhos. Fui até ao armário, tirando de lá mais um manta e quando me aproximei dele, tapei-o.
- Eu vou aquecer-te leite, está bem? - perguntei, baixando-me para colar os meus lábios à sua testa.- e trazer-te um comprimido.- suspirei.

Fiz uma careta quando senti mais uma coisa pesada em cima de mim e passei a mão pela minha garganta tentando não tossir. Afastei a minha testa instintivamente quando encostou os lábios à minha testa mas depois deixei estar.
-Não precisas, eu estou a ir embora.

Endireitei-me e comecei a abanar a cabeça com o que disse. Ele era mesmo teimoso, é que era impossível aturá-lo.
- Está caladinho e deixa-te estar deitado.- resmunguei e comecei a afastar-me.- eu já volto, vedeta.- revirei os olhos, indo até à cozinha.

Encostei a cabeça à almofada dela que estava coberta com a manta e fechei os olhos durante uns segundos, que pareceram eternidades. Suspirei quando olhei para o meu relógio e agarrei-me às almofadas tentando andar e ir para casa, mas só consegui ir até à sala. As minhas pernas doíam, o meu corpo doía todo, estava a ficar com uma gripe terrivel.

Coloquei uma caneca com leite a aquecer e enquanto esperava fui procurando pela caixa de comprimidos, acabando por encontrá-la no minuto em que o microondas apitou. Pousei-a no balcão, indo retirar a caneca de dentro do leite e coloquei um bocadinho de mel, era o que a...nada. Peguei em ambas as coisas e voltei a sair da cozinha. Estava a passar pela sala, quando vi um vulto e quando virei a cara para ver melhor, era ele que estava ali.
- Qual foi a parte do fica quietinho que não percebeste? - resmunguei.

Levantei ligeiramente a cabeça quando a ouvi resmungar e encolhi os ombros, não queria discutir assim com ela, estava em desvantagem.
-Eu tenho que ir trabalhar - disse apenas e endireitei-me esticando um braço até à caneca.

Bati com uma mão na testa, deixando que me tirasse a caneca da mão e aproximei-me dele, agarrando-lhe no braço, enquanto o puxava para o quarto de novo.
- Tu não estás em condições de ir a lado nenhum.- murmurei.- mal te podes mexer.- abanei a cabeça.

Soltei um gemido de dor quando me agarrou pelo braço e tentei não sujar o chão com o leite.
-Chata - resmunguei bebendo um bocado quando me sentei na sua cama - o teu quarto é frio - queixei-me.

Fechei a porta quando chegámos ao quarto e fingi ignorar quando me chamou de chata, indo sentar-me depois na pontinha da cama.
- Já te disse que não tenho culpa.- encolhi os ombros com um suspiro.- não sou vedeta como tu.- levantei-me para ir abrir as persianas, para o sol entrar, e voltei a ir sentar-me.- toma.- estendi-lhe a caixa dos comprimidos.

Sorri um bocadinho quando senti o sol na minha cara e fechei os olhos.
-Não sabes se eu sou vedeta ou não - disse agarrando nos comprimidos e tomando um juntamente no leite e caía mesmo bem na minha garganta.

Sentei-me mais em cima da cama e baixei o olhar para as minhas mãos, ficando a brincar com os meus dedos.
- Pelo menos ficaste a ser para os meus vizinhos, depois da tua cantoria de ontem.- encolhi os ombros com uma pequena careta.

Agarrei na chavena com as duas mãos e fiquei a olha-la encolhendo os ombros.
-Eles não acordam - disse bebendo mais um bocadinho. Acabei por sorrir quando me lembrei da noite de ontem - tu danças bem, irritante.

Cruzei as pernas à chinês, pousando o cotovelo numa delas e apoiando a minha cara na palma da mão enquanto o olhava.
- Se eu receber alguma reclamação vou mandá-los para tua casa.- murmurei e mordi a parte de dentro da bochecha, encolhendo os ombros.- obrigada estúpido.

Encolhi os ombros com o que ela disse e bebi o resto suspirando por não haver mais porque aliviava mesmo. Estiquei a mão para lhe dar a chávena e deitei-me a estremecer de vez enquanto.
-De nada - fechei os olhos - e eu não sou gay.

Levantei o olhar para ele e agarrei na chávena, esticando-me depois para pousar a chávena na mesinha de cabeceira, junto da fotografia minha e das minhas irmãs. Sorri levemente com o que disse e tapei-o para que se aquecesse.
- Está bem, desculpa lá qualquer coisinha.

Encolhi os ombros quando pediu desculpas e olhei para a fotografia onde havia ela e mais duas meninas iguais. Puxei as mantas com a sua ajuda e fechei os olhos com uma dor de cabeça horrivel.
-E eu sou muito bom no que faço.

Acabei por me deitar a seu lado, com a cabeça sobre a almofada que havia ao lado da que ele usava e fiquei a olhar o tecto, rindo-me baixinho.
- Acredito que sim, as mulheres devem adorar-te.- encolhi os ombros.- além de vedeta és também um sex god.- brinquei.

Fiz uma careta quando disse que era sex god e tentei mexer-me mas só isso doía mais, parecia que tinha estado no ginásio durante dias.
-É verdade - disse baixinho deixando-me estar de olhos fechados e adormeci rapidamente.

Revirei os olhos com um sorriso por ter dito que era verdade, como é que eu sabia que ele ia concordar? Apenas encolhi os ombros e continuei a olhar o tecto. Virei a cara para ele quando deixei de o ouvir durante muito tempo e sorri ao vê-lo dormir. Nem parecia o mesmo. Quer dizer, eu tinha de admitir que ele não era nada mau, nada mau mesmo. Tapei-o para que não apanhasse frio e fiquei, ali, quietinha.

Afastei as mantas todas e virei-me de barriga para cima sentindo o meu corpo todo molhada. As dores continuavam e apesar de eu não ter calor, pelo contrário puxei a camisola para cima e abri um bocadinho os olhos vendo a outra a olhar para mim.
-Que horas são? Tenho que ir embora - ainda me despediam, ainda por cima nem tinha o meu telemóvel para avisar onde estava e não podia trabalhar.

Olhei os seus olhos quando me olhou e arregalei-os, só reparando agora que ele estava todo suado. Credo, devia estar a arder em febre. Levantei-me, olhando o meu relógio de pulso e fui até à casa de banho, enchendo uma taça com água e pegando numa toalha.
- São quatro e meia.- murmurei puxando a cadeira para ao pé da cama.- e tu não vais a lado nenhum, estás a arder em febre.- suspirei, começando a molhar a toalha.