Quarto do Eric

Revirei os olhos com o que ela disse e afastei-me para que não me molhasse.
-Não eras tu que querias a chave para ir embora? - perguntei-lhe encolhendo os ombros - então pronto. - não deixei que respondesse.

Suspirei e fiz uma careta quando espirrei. Já não acontecia aquilo à algum tempo. Tinha a estranha sensação que a febre tinha voltado mas não me importei, tinha era que ir embora dali - Está bem. Se fosses gay eras muito mais simpático. - disse apenas.

Suspirei quando ela espirrou e fiz uma ligeira careta, eu também não estava muito melhor que ela. - Anda é deitar-te - toquei-lhe na testa e puxei-a pela mão deitando-a na minha cama sem que ela pudesse reclamar - estás pior outra vez.

Suspirei e deixei que me puxasse para a cama dele, enfiando-me debaixo das mantas - Isto já passa. - disse toda encolhida aos tremeliques. Olhei para ele e mordi o lábio - Porque é que és tão mau para as pessoas?

-Claro que passa - revirei os olhos sentindo os seus tremeliques e deitei-me com ela puxando-a para mim, para a tentar aquecer. Puxei as mantas todas para cima de nós e esfreguei-lhe o braço ficando a olha-la com a sua pergunta. - Eu não sou mau

Fechei os olhos com a cara mais ao menos encostada ao peito dele e suspirei quando senti as mantas todas a tapar-me. Agora estava mais quentinha. Assenti com a cabeça e continuei com a cara virada para baixo - És sim.

Passei a mão pelo seu cabelo e comecei a brincar distraidamente com o mesmo. Mordi o lábio deixando que ela se encostasse mesmo ao meu peito e encolhi os ombros.
-Deixa ser, não faz mal.

Fiquei de olhos fechados quando ele me fez festas no cabelo e mordi o lábio inferior quando encostei a testa ao peito dele - Faz sim, só tu é que não percebes. - murmurei baixinho antes de espirrar de novo.

Estremeci quando ela espirrou e quase fiz o mesmo ajeitando-me nas mantas e fechando os olhos quando encostei a testa à cabeça dela.
-Porque é que faz? - abri os olhos para os revirar.

- Porque assim afastas as pessoas e ninguém quer ficar sozinho. - disse logo antes que ele me respondesse à primeira parte da frase. Esfreguei o nariz com a costa da mão e voltei a aninhar-me com ele por causa dos tremeliques da febre.

Não voltei a fechar os olhos, fiquei a olha-la e acabei mesmo por soltar um suspiro inaudivel, encolhendo mais tarde os ombros. O que eu ia dizer não era verdade, eu não queria acabar sozinho.
-Não preciso de ninguém, prefiro estar sozinho. - disse logo.

- Isso é mentira. - disse ainda de olhos fechados - Posso conhecer-te à pouco tempo mas já sei quando estás para ai a mentir. - abanei a cabeça e meti um braço por cima do tronco dele.

Fiquei a olhar para ela, apesar de estar dela estar de olhos fechados e mordi o lábio com um suspiro. - Porque é que dizes isso? - perguntei deitando a cabeça e passando a mão pela sua testa. que fervia.

- Porque ninguém fica bem sozinho e eu sei que tu também não. - disse-lhe encolhendo-me toda com a mão dele na minha testa. Enrosquei-me toda debaixo das mantas e suspirei - Desculpa ter-te posto doente.

Não comentei o que ela disse. Por um lado ela tinha razão, mas por outro já não sabia o que queria. Eu tinha ficado paranóico e um bocado maluco com tudo o que tinha acontecido. Tinha-me afastado de todos e a pessoa que mais sofria com isso era Rachel, mas eu fazia os impossíveis.
-Não te preocupes, eu tomo conta de ti na mesma.

- Obrigada. - disse-lhe com um meio sorriso enquanto me deixava estar de olhos fechados agarrada a ele. Meti-me debaixo das mantinhas mais quentinha do que conseguia e sorri levemente.

Tapei a sua cabeça com as mantas e fechei os olhos encostando a minha cabeça à dela. Não ia adormecer, apesar de vontade não me faltar, eu sabia que isso não ia acontecer. Toquei no seu cabelo com as pontas dos dedos e pouco depois dei-lhe a chave.
-Podes ir quando quiseres.

- Não quero ir. - deixei escapar muito baixinho. Agarrei na chave e meti-a dentro dos boxers dele, deixando-me estar encostada a ele - Não quero ficar sozinha hoje. - não queria fazer o que o meu pai me tinha obrigado mas não podia deixar que magoasse o Ben, mas não fazia aquilo só pelo meu pai, não sabia bem porquê mas lá no fundo até gostava do Eric.

Fiquei um bocadinho confuso, ela era um bocadinho estranha e mudava de opinião rápido demais. Ainda à pouco estava toda leoa a gritar pela chave e agora já a estava a devolver.
-Está bem - acabei por dizer. - Quando tiveres fome ou assim podes dizer.

- Eu digo. - murmurei baixinho enquanto me deixava estar encostada a ele - Mas agora só quero ficar quentinha. - os tremeliques tinha parado e agora só me continuava a sentir a ferver.

Também eu queria ficar quentinho. Apertei-a ligeiramente para também me aquecer um bocadinho e passei os dedos pelas seus braços.
-Estás a ferver, eu avisei-te mas tens que ser casmurra não é? - revirei os olhos num resmungo.

Encolhi os ombros enquanto sorria e cheguei-me o máximo que podia para ele - Foi divertido. - ri-me baixinho antes de ser interrompida por um espirro. Fiz uma careta e suspirei - Odeio estar doente.

Abri os olhos para olha-la e acabei por me rir.
-Foi divertido eu ter-te ido buscar e arrastar-te até minha casa e depois teres gritado comigo... - parei - ah e teres-me apalpado? - perguntei tocando-lhe com um dedo na barriga - foi divertido? - calei-me e fechei os olhos - Eu também - queixei-me.

Assenti com a cabeça enquanto me ria à medida que ele dizia aquelas coisas - Eu não te apalpei. - disse abrindo os olhos para o conseguir ver - Ninguém te manda meter a chave nos boxers, não tenho culpa. - voltei a rir e passei os dedos pelo braço dele muito ao de leve antes que se passasse - Admite, teve piada.

Fiz um olhar chocado quando ela disse que não me tinha apalpado.
-Apalpaste sim, eu pus lá a chave para supostamente não chegares lá, mas tu és uma tarada - sorri fazendo uma careta quando pediu para admitir - Tiveste sorte.